2010/08/11

吉良吉田の花火大会: o hanabi taikai de Kira Yoshida - parte 1


O verão japonês não se resume àquela época chata, quente e úmida do ano, na qual os piores e mais horripilantes insetos invadem nossos lares, suamos e cheiramos mal o tempo inteiro e ficamos mais preguiçosos, quase sem forças. A estação mais quente do ano também é a época dos maravilhosos e super especiais  花火大会 (hanabi taikai = literalmente, competição de fogos de artifício, mas festival dos fogos de artifício é mais adequado)! Aqui no Japão, os fogos de artifício são aguardados com muita ansiedade pelos japoneses, afinal, só é permitido soltá-los entre os meses de julho e setembro. Então, tudo vira uma grande festa: à noite, nas beiras de rios e praias, montam-se barraquinhas de comes e bebes, veste-se o 浴衣 (yukata = kimono de verão, mais leve e informal) e, claro, assiste-se maravilhado à espetacular queima de fogos no céu!

A comemoração do hanabi surgiu no ano de 1733, no rio Sumida, em Tokyo, como uma homenagem do 将軍 (shogun = termo antigo para comandante do exército) Yoshimune Tokugawa aos espíritos dos mortos pela cólera e miséria que havia atingido o país um ano antes. Segundo a história, nessa primeira comemoração, foram disparados apenas 20 fogos de artifício. Só para terem ideia, hoje há festivais que chegam a soltar mais de 20 mil!

O Iwata Kappuru teve a oportunidade de ir ao hanabi da praia de 吉良町 (Kira-cho), em 吉良吉田 (Kira Yoshida), localizada na costa da província de Aichi, cerca de 90 km de Iwata. Mas antes de relatar tudo a respeito do hanabi de Kira-cho, por uma questão de contexto preciso falar também sobre esta cidadezinha litorânea tão simpática e acolhedora!

De acordo com o site oficial, moram em Kira cerca de 23.000 pessoas. Chega-se à cidade pela linha férrea Meitetsu, que só opera nas províncias de Aichi e Gifu. A linha Meitetsu se difere das demais por seus trens menores e vermelhos, além do interior nada moderno, ou seja, não há painéis digitais indicando as próximas estações. Lembram antigos trens de viagem de cidades do interior, mas, ainda sim, são limpos, bem conservados, há cortininhas e os assentos são bem fofos. Vejam o vídeo e as fotos abaixo.




A estação de Kira Yoshida é pequena e geralmente está vazia, o que pode ser visto nesta foto.


A cidade de Kira nos leva para uma volta no tempo do Japão feudal. Dá a impressão de que a modernidade e a tecnologia não chegaram por lá. A paisagem é composta por campos de arroz, plantações de chá ou de verduras e legumes. Muito verde, muita natureza, muitas terras vazias, muitas casas antigas, muitos morros. Simplesmente a tranquilidade de uma cidade interiorana. Não há supermercados e nem コンビ二 (konbinis = lojas de conveniência, como Seven Eleven, Circle K, Family Mart etc), é preciso ir à cidade vizinha para fazer compras. Imagine o drama se der aquela fome no meio da madrugada e não houver nada para comer em casa! No entanto, as onipresentes 自動販売機 (jidouhanbaikis = máquinas de venda automática) estão lá, em quase todas as esquinas, salvando a vida dos moradores com bebidas e cigarros, dando o sinal positivo de que até nos lugares mais remotos há sempre uma pontinha do Japão tecnológico.

A praia de Kira-cho segue a mesma filosofia da cidade que a abriga. Serena, simples, humilde, com um "mar" sem ondas, pequena e muito bonitinha. O mar, na verdade, é um rio que foi transformado em praia pela ação do homem, como expliquei neste post. Não é comparada à nenhuma praia paradisíaca de Okinawa, mas Kira-cho tem personalidade e charme próprios. Assista o vídeo abaixo!


Mesmo no verão, ao contrário das badaladas praias do Rio de Janeiro, que viram um formigueiro nas épocas quentes, a praia de Kira não lota. E olha que neste dia estava bem quente (fazia mais de 30 graus), a cidade estava lotada por causa do hanabi, sem quartos disponíveis nos hotéis e tudo mais! A maioria dos "farofeiros" é composta por crianças, que se divertem horrores na água. Como as mulheres japonesas odeiam se queimar de sol,  elas não se lambuzam de bronzeador e nem deitam na areia como as brasileiras: elas usam biquínis bem recatados, camiseta e short, só ficam sob o abrigo do guarda-sol (ou de uma mini-cabana) e usam chapéus. 


A comida mais consumida no verão japonês, sem dúvidas, é o かき氷 (kakigori), que nada mais é do que a famosa raspadinha vendida nas praias brasileiras. No entanto, como tudo no Japão não pode ser simples demais, há infinitos sabores para escolher: morango, melão, uva, gelo azul, limão, pêssego, chá verde, com ou sem bola de sorvete em cima, com ou sem cobertura de leite condensado ou feijão. O kakigori não é consumido somente no litoral, mas também em restaurantes bem populares no Japão, encontrados na área urbana, como o ガスト (Gusto = se romanizou como Gusto, mas se pronuncia e escreve Gasto, mas, enfim, é um restaurante-café) e o さわやか (Sawayaka = restaurante especializado em pratos com carne). Ah! E não há vendedores ambulantes oferecendo ostras, camarão no palito, tatuagem de hena, nem nada parecido! 


Outra coisa bem interessante são as músicas que tocam na praia: nada de axé, nem dança do quadrado, nem nada que agrida nossos ouvidos. Durante nossa visita, pudemos escutar desde Nirvana até The Beatles. Mas o que mais surpreendeu foi ouvir Maximum the Hormone, uma banda de metal japonesa, tocando em plena luz do dia! Bem engraçado!

Veja algumas fotos da simpática praia de Kira-cho!















Agora que vocês já conhecem bem a região de Kira, no próximo post falarei sobre o hanabi da cidade!

Matta ne! ( * ▽ * ) v  

Um comentário:

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