2014/11/05

Novo projeto! ♪ ☆




Amigos, followers, leitores, fãs, familiares e gente que nem sabe o meu nome!

Eu,  Beta Matsuoka, tenho o prazer de informar a todos vocês que estou de volta à ativa. Após dois anos longe daquilo que mais gosto de fazer - escrever -, recebi uma proposta que não poderia recusar. Sim, é isso mesmo: estou de volta ao grupo IPC World, afiliada da Rede Globo no Japão, agora trazendo as últimas notícias para a comunidade em tempo real.

Dessa vez, vocês poderão acompanhar o meu trabalho de qualquer lugar do mundo. O site da IPC mudou e se transformou no maior portal dos brasileiros no Japão.

Ainda estou engatinhando nessa "modernidade" toda do Wordpress, e assim vou aprendendo um pouquinho por dia. Estou empolgadíssima com esse novo projeto e espero que vocês também embarquem nessa aventura. Lembrando que sou toda ouvidos a quaisquer reclamações, sugestões e elogios. Sua opinião é de extrema importância!

Conto com a colaboração de todos vocês! 

Muito obrigada pelo carinho hoje e sempre. 

Yoroshiku onegaishimasu! ♪(゚▽^*)ノ⌒☆

2014/10/05

Eleições do outro lado do mundo


O texto a seguir não será bonitinho, fofinho e kawaii como (quase) tudo que posto nesse blog. Não vou falar do Japão, diretamente. Não estranhe, o blog não foi hackeado, basta ler meus últimos textos do Twitter. Se não estiver interessado em ler o artigo de uma brasileira revoltada com o voto obrigatório e que mora no Japão, não leia. Não se preocupe: você não vai deixar de renovar seu passaporte se não ler essa postagem. Tenha um bom dia! ^o^


Como todos sabem, hoje é dia 5 de outubro, dia das eleições presidenciais no Brasil. Por estarmos 12 horas à frente, aqui a manipulação eleição já começou. Muita gente acha que brasileiro que não mora no Brasil é sortudo pois está isento de votar. Doce ilusão! Como meros mortais, somos sim obrigados a votar, mas, por "sorte", só para o cargo de presidente. Mas isso é bom demais para ser verdade, não é? É. Nossa alegria acaba por aí. Não pense que por estarmos no Japão, em um país de primeiro mundo, que a coisa é diferente, pois ainda temos as mesmas obrigações que teríamos se estivéssemos morando aí. O Japão não tem nada a ver com isso, no mundo inteiro é assim.

Você sai do Brasil, mas o Brasil não sai de você. Ele te persegue até do outro lado do mundo, não adianta se esconder nas vilas geladas de Hokkaido, no cume do Monte Fuji ou nas dunas de Tottori. Sempre há um consulado brasileiro para te manter na coleira. A diferença é que, estando a 19.000 km de distância da pátria, a coleira é só um pouquinho mais frouxa, mas isso não significa que você será poupado das chibatadas. 

Se já é sacanagem o voto obrigatório, imagine só o que é obrigar brasileiro no exterior a votar. Uns chamam isso de dever cívico, eu chamo de ditadura. Não vejo diferença entre me obrigar a votar e ter uma arma apontada para a cabeça.

Estou há cinco anos no Japão e não tenho a mínima intenção de voltar a morar no Brasil. Mas nada disso importa para a justiça eleitoral, pois mesmo assim tive que perder DOIS DIAS de serviço para RENOVAR E BUSCAR meu título de eleitor, que, adivinhe só, foi cancelado porque não votei nas últimas eleições. E só o fiz para renovar meu passaporte, cuja data de validade calhava com a da minha viagem ao Brasil (em breve, postagem sobre minha primeira ida ao Brasil após cinco anos de Japão).

Se é para perder tempo no consulado daqui ou no cartório eleitoral no Brasil, então é melhor resolver essa encrenca de uma vez por todas. Afinal, eu só ficaria duas semanas no Brasil, o tempo era curto demais para ser perdido com algo tão fútil. Então, para evitar possíveis dores de cabeça, antes de viajar, resolvi acertar minhas pendências com a justiça eleitoral, afinal, não queria arriscar meu precioso passaporte e ser deportada para o Brasil. Voltar para a terrinha seria o meu maior pesadelo! Portanto, não se iluda, Brasil, só estou fazendo isso pelo meu amor ao Japão e pela minha vontade de continuar bem longe de você.

Mas o que o nosso querido país não entende é: todo mundo vem para o Japão para TRABALHAR. Aqui não tem oba oba, não tem "jeitinho brasileiro", não tem desculpa para faltar no trabalho. Aqui é trabalho em primeiro lugar e todo o resto em segundo.

Como vou explicar para o meu chefe japonês que no Brasil o voto é obrigatório e que se eu não regularizar minha situação eleitoral, fico sem passaporte e, consequentemente, sem visto?

E quem vai convencer o meu chefe japonês a não cortar meu zangyo (hora-extra) porque faltei dois dias no serviço para acertar minhas pendências com a justiça eleitoral no consulado de Tokyo que só abre de segunda à sexta das 9 às 13h (com exceção dos feriados japoneses E feriados brasileiros E os dias que as belezinhas simplesmente resolvem NÃO abrir, como o dia seguinte à eleição)?

Se já é ridículo ter o título cancelado por não ter votado (olha só como o meu voto é importante!) e ter que perder um dia inteiro para renová-lo, ter que ir buscar pessoalmente um papel impresso em sulfite que nem se dão ao trabalho de plastificar ou oferecer uma capa de plástico para protegê-lo, o que é? Devem achar que no Japão não existe correio. Simplesmente um absurdo!

Hoje, se não fosse pelo tufão, talvez eu estivesse perdendo meu tempo em uma fila quilométrica ao redor do Consulado Geral do Brasil em Tokyo. E só o estaria fazendo por causa de terrorismo: ou vota ou não renova o passaporte. Ou renova, mas fica com uma anotação bem simpática no passaporte que diz para regularizar quando chegar ao Brasil. Se eu não tivesse viagem marcada para o Brasil, a segunda opção seria a minha escolha.

Mas, antes de cair na besteira de acordar cedo num domingo, ir até o consulado, pegar uma fila monstruosa, ser atendido por um poço de simpatia importado diretamente da terrinha, digitar 00 e apertar "confirmar", respirei fundo e li no site do próprio consulado a respeito da justificativa. Basta preencher um formulário e enviá-lo pelo correio. Pronto. Sem fila, sem drama, sem encheção de saco, sem arriscar a vida de ninguém. Pretendo fazer o mesmo no segundo turno. Porque simplesmente não vale a pena gastar ¥600 com passagem de trem para ir até o consulado, em vão.

Ainda tenho sorte (ou azar?) de folgar aos domingos e morar a 40 minutos do consulado de Tokyo, mas fico pensando nos coitados (ou sortudos?) que moram em Okinawa ou Hokkaido. Já que o voto é tão importante assim, o consulado banca a passagem aérea de ida e volta? E aqueles que nasceram aqui, não falam português, nunca foram ao Brasil e não sabem nem quem são os candidatos? O voto dessas pessoas não poderia, na verdade, prejudicar a eleição? Assim como meu voto prejudicaria, pois não moro mais no Brasil e não tenho o mínimo de conhecimento sobre a realidade atual do país. Hoje eu sou estrangeira no meu próprio país. Eu nem deveria opinar sobre nada!

Fazem tanta campanha de voto consciente, mas a verdade é que eu não dou a mínima para o que está acontecendo na política brasileira. Acredito que 90% de quem está fora do Brasil também não acompanha as notícias de lá, simplesmente porque não temos intenção alguma de voltar ao país. Então, como votar "consciente" nesses casos? Pior: se nenhum candidato me representa, por que eu deveria ser obrigada a exercer minha cidadania? Minha única dúvida na hora de apertar o botão verde é: voto no Monteiro Lobato ou na Elis Regina? Ou existe algum candidato que promete acabar com o voto obrigatório? Voto com o maior prazer! Enquanto isso, vou continuar justificando ou votando no 00, o candidato mais honesto de todos. Porque eu simplesmente cansei e não acredito nessa tal de democracia brasileira. O jeito é fugir e ser feliz morando do outro lado do mundo, mesmo que isso signifique ficar longe da família e dos amigos.

Li esses dias que o número de eleitores no exterior subiu 77% nos últimos anos. Falam isso de boca cheia, batendo no peito, como se os brasileiros estivessem super empolgados para votar. "Oba, oba! Vamos lá acordar cedo num domingo e ter nosso voto manipulado por uma maquininha!". A única verdade é que ninguém se importa, todo mundo só quer renovar o passaporte para continuar bem longe do Brasil. Democracia terrorista, a gente vê por aqui.

E ainda me perguntam por que não quero voltar para o Brasil e por que gosto tanto do Japão. Preciso dar mais motivos? É só ler meu blog de cabo a rabo e comparar com o Brasil. Sem mais.


E com essa postagem, aproveito para dizer que em breve o blog voltará de seu segundo hiatus do ano. Aguarde!


2014/05/16

✿ Sakura vs. Ume ✿




A (sakura = cerejeira) dispensa apresentações. Alguns gostam, outros idolatram, e ainda há quem não veja a mínima graça, mas todo mundo a conhece. Exaustivamente associada à cultura japonesa, a flor de cerejeira é, de longe, o maior símbolo do arquipélago nipônico. Mas sua prima (ume = ameixeira), que é tão bela e encantadora quanto, até hoje não recebeu o valor merecido. Pelo contrário, ela só se ferra! Imagine só como é a vida ingrata da coitadinha. Para começar, suas flores nascem no inverno, quando ninguém quer saber de sair da toca, muito menos para fazer piquenique sob suas flores semi-congeladas. Isso quando ela não é confundida com a prima popstar. "Ué, sakura no inverno?" é o que ela mais ouve por aí... isso, ou "nossa, que sakura pelada!". Não deve ser nada fácil viver à sombra de um parente famoso. E, como se não bastasse, as ameixeiras ficam doentes. E nem adianta enchê-las de remédios, deixá-las de repouso e aguardar por um milagre... não! As pobres ameixeiras são cruelmente serradas ao meio e queimadas para o vírus não se espalhar com tanta facilidade. (இдஇ; )

Ume: uma beleza em vão... _| ̄|○

Mas nem tudo está perdido! Há quem se encante mais com as ameixeiras do que com as cerejeiras. É uma questão de gosto e também de comparação de fatos. Afinal, as ameixeiras superam as cerejeiras em pelo menos três aspectos: suas flores duram mais tempo, são mais cheirosas e dão frutos. Enquanto a espécie de sakura mais popular é infértil, quase não tem cheiro e suas flores duram uma ou duas semanas no máximo, algumas espécies de ameixeiras dão o fruto que confecciona o 梅干 (umeboshi = ameixa em conserva), suas flores duram quase um mês firmes e fortes no alto das copas e ainda exalam um perfuminho delicioso! (人´∀`*)

Tão diferentes e, ao mesmo tempo, tão semelhantes. O inverno vai chegando ao fim, as flores começam a nascer e a pergunta que não quer calar permanece por toda a estação: é pavê ou pacomê sakura ou ume? (⌒_⌒;)

A maioria das pessoas não sabe diferenciar cerejeiras de ameixeiras. Realmente, não é uma tarefa fácil. É preciso observá-las com muita atenção para notar as sutis diferenças entre elas. E, mesmo assim, ainda dá para confundir de vez em quando... ヽ(゚Д゚)ノ

Antes de mostrar nosso hanami deste ano, é fundamental esclarecer alguns pontos entre essas duas lindas! (*♥ω♥*)

Para não ter mais dúvidas e não pagar mico tatuando uma ameixeira em vez de uma cerejeira nas costas, acompanhe as dicas do Iwata Kappuru, que não é especialista, mas é fã de carteirinha da primavera nipônica! (人´∀`*)♥



 SAKURA VS. UME 



Esquerda: sakura (cerejeira). Direita: ume (ameixeira).


As pétalas da sakura são ovais, e tem um "corte" na extremidade.
A pétala da ume é redondinha e sem cortes.


As cerejeiras têm pistilos curtos e em menor quantidade
Os pistilos das ameixeiras são compridos e em maior número.



Espécies de sakura.


Espécies de ume.


As flores de sakura têm um tom rosa pálido característico, quase branco. No máximo, um rosa shocking.

A ume é multi-colorida, em geral apresenta-se em tons mais fortes e vibrantes, mas também existem ameixeiras brancas, rosa pálidas, rosas, rosas-shocking, lilás etc. Se você por acaso vir uma "sakura amarela", definitivamente não é uma sakura, e sim uma linda ume!



Sakura.

Vistas de longe, as cerejeiras sempre chamam a atenção logo de cara. É amor à primeira vista. Elas aparentam ser mais diversificadas. A 染井吉野 (Somei Yoshino) é a espécie mais popular, sendo encontrada em qualquer esquina do Japão. A 枝垂桜 (Shidarezakura) é muito apreciada por seus galhos caídos, daí o nome "cerejeira chorona" (em tradução livre e tosca, hahaha). Mas há muitas outras espécies por aí que eu ainda não aprendi o nome... ( ●≧艸≦)


As ameixeiras são mais "normais", parecidas umas com as outras... bom, pelo menos nunca vi uma muito exótica! ・゚(゚⊃ω⊂゚)゚・ 



Troncos de cerejeiras


O tronco da sakura possui várias linhas horizontais, o que a torna bastante peculiar. Até no verão dá para distingui-la das demais árvores. 


O tronco da ume é... normal. Tanto é que não tenho foto de nenhum... m(_ _)m



Sakura vs. Ume


Galho de sakura vs. galho de ume


Cerejeiras são mais "cheias" do que as ameixeiras. Isso acontece porque em um mesmo galho nascem várias sakurinhas. Elas parecem "grudadas" umas nas outras, dando aquele aspecto de pipoca! Gorda só pensa em comida



As folhas da ume são arroxeadas, mas também podem ser verdes.
Da cerejeira, são sempre verdinhas e começam a aparecer tão logo quanto as flores.



As cerejeiras quase não têm cheiro.
Já as ameixeiras são suuuuuuuuper cheirosinhas!



Mas o fator crucial para diferenciar uma da outra é o tempo da floração!
As ameixeiras dão flores entre o fim de fevereiro e o fim de março e duram quase um mês.
Já as cerejeiras começam a florir no fim de março e no início de abril já começam a cair. Com exceção das ilhas de Okinawa, onde as cerejeiras nascem em janeiro, e de Hokkaido, onde elas só dão o ar da graça em maio!



Como falei, as duas são bem parecidas e ambas são lindíssimas. Mas a sakura ganhou toda essa fama graças ao seu simbolismo. A brevidade de sua vida é o que a torna tão especial e única. Sim, podemos observar as ameixeiras por quase um mês, mas a cerejeira só dura uma ou duas semanas, tendo em média três dias de 満開 (mankai = plena floração, o ápice da floração. O melhor momento para vê-las é quando as flores ainda não começaram a cair e ainda não há folhas)... portanto, vamos aproveitá-las ao máximo! Justamente pelo fato delas serem frágeis e mesmo assim vencerem o inverno rigoroso é o que dá todo o charme a essas florzinhas. A cerejeira não traz somente beleza e encanto aos nossos olhos, e sim uma mensagem aos nossos corações: a de que devemos aproveitar todos os momentos como se fossem os últimos, pois a vida é breve e nunca saberemos quando será o nosso último dia. Hanami é mais do que um costume tipicamente japonês, é uma filosofia de vida. Deixe a sua alma sentir o aroma da primavera japonesa! (๑´▿`๑)♫•*¨*•.¸¸♪


2014/04/28

Iwata Kappuru na TV japonesa! (◎_◎;)



Quem nos segue no Twitter já viu (e riu), mas vale a pena deixar registrada no blog nossa primeira - e, espero, última! - aparição na TV japonesa, mais especificamente no programa matutino Zoom In!! Saturday da Nippon TV. (*/∀\*)

Um belo dia estávamos andando por Shibuya, nosso lugar favorito de Tokyo, até que dois japoneses muito simpáticos nos abordaram no meio daquela multidão toda. Elogiaram nosso estilo e foram direto ao ponto: "gostariam de aparecer no nosso programa, o Zoom In!! Saturday?". (*゚ω゚*)

Mas, hein?! ( ◎ Д ◎ )

Apesar de já tê-lo assistido algumas vezes, nós não associamos o nome ao programa de imediato. Mas, basicamente, é um programa de variedades que passa todo sábado de manhã na 日本テレビ (Nippon TV ou NTV para os mais íntimos). Nele, há um quadro que mostra vários estrangeiros falando sobre o Japão. Experiências pessoais, comida favorita, se lê ou não kanji, o que gosta e o que não gosta no país, enfim, os temas são variados e sempre muito curiosos e engraçados. Em geral, o nível de japonês dos entrevistados é muito bom - excetuando o nosso caso, é claro. (*ノω<*)

Não precisamos esconder de ninguém: nós NÃO falamos japonês. Sempre fomos muito sinceros sobre isso, mas, dependendo da situação, nós entendemos razoavelmente bem o que os japoneses dizem, conseguimos ler e escrever kanji, sabemos estruturar frases e conjugar verbos, conseguimos nos virar no dia a dia. Só que na hora de abrir a boca... não sai nada! A língua trava e fica tudo entalado na garganta. Ô troço difícil! Щ(º̩̩́Дº̩̩̀щ)

O misto de vergonha, com ansiedade, insegurança e falta de domínio no idioma atrapalha o nosso avanço. Por isso, ainda estamos MUUUUUUUUUUUUITO longe de falar fluentemente esse idioma, e não precisamos mentir nem nos envergonhar disso. O que importa é que ainda estamos estudando e um dia falaremos bem... esperamos. (^_^;)

Mas, enfim, aceitamos o convite, respondemos um questionário por e-mail, gravamos em Asakusa e a entrevista foi divertidíssima! Com certeza ficará de recordação para o resto de nossas vidas. Além, é claro, de um incentivo para continuarmos a nos esforçar para aprender o idioma. Se tantos americanos, franceses, africanos, russos, australianos, portugueses e argentinos conseguem, por que nós não conseguiríamos? Qualquer um consegue! ʅ(´◔ω◔)ʃ♬

Sem mais delongas, eis o vídeo do desastre em cadeia nacional. Não sejam cruéis! (இдஇ; )





Para quem não domina a língua, o teor da entrevista foi o seguinte: a repórter perguntou se há algo no Japão que nos surpreenda. O Igor disse que os programas de TV japoneses sempre começam na hora exata. Quem mora aqui sabe: se na grade de programação estiver escrito que o noticiário começará às 21h01, vai começar 21h01, e não 21h00 ou 21h02. Não atrasa nem 1 milésimo de segundo, nunca, jamais! Aliás, é completamente normal os programas começarem em horários quebrados, como 9h01, 12h02, 15h03, em vez de horários redondos. Doido, né? (≧∇≦)

No Brasil, como todo mundo sabe, isso não existe na TV aberta (às vezes, nem na TV a cabo). No entanto, estamos fora do país há quatro anos e não sabemos exatamente como está a situação atual com a chegada da TV digital, mas... creio que nada tenha mudado, né? (^_^;)

Por isso, o Igor explicou à repórter que no Brasil se o seu programa favorito começa às 22h00 hoje, amanhã pode começar às 22h20, por exemplo. Um verdadeiro "mind blow" para os japoneses, tão escravizados pelo relógio. Acho que eles não conseguem sequer imaginar essa situação "caótica", coitados... (*≧ლ≦)

No fim, ela perguntou o que fazer, já que não dá para saber se o programa vai passar ou não, e eu respondi: "tem que ficar esperando...". Ou seria melhor eu ter dito: "desiste e deixa para ver no Youtube no dia seguinte"? (*^▽^*)

A entrevista, na verdade, durou quase 30 minutos, mas os 29 minutos restantes devem ter ficado tão ruins que nem teve como prolongar essa tortura por mais de 55 segundos. Sem falar que não haveria tempo para passar a "tortura" na íntegra, né? Coisas de TV, sei bem como é. Como podem ver, o Igor é quem salvou o negócio, meu japonês é péssimo e limitado. No entanto, nessa meia hora de entrevista nós falamos muito mais coisas, como por exemplo sobre as privadas high-tech, os trens que também são super hiper mega pontuais (ahhh, se eles soubessem como é na terrinha...), sobre nosso ritual anual de hanami e até sobre a origem de nossos óculos escuros. Assunto não faltou, o que faltou foi nihongo mesmo. Quem sabe na próxima vez estaremos falando um pouco melhor? Até lá, continuarei fugindo de câmera e microfone e registrando nossa saga pelo teclado mesmo... (^_^;)



2014/04/06

白川郷 - Shirakawa-go, um paraíso invernal



Um mundo níveo, um paraíso invernal, o éden branco e preto. É como se teletransportar por uma toca de coelho para um reino imaculado onde a neve está sempre a afofar o solo e o vento gélido a nos tocar. Em um breve devaneio, me deparo com simpáticas casinhas de chocolate ao leite cobertas com uma grossa camada de marshmallow. Flocos de algodão caem do céu e os lagos são salpicados com açúcar de confeiteiro. Parece até um conto infantil, mas esse lugar mágico realmente existe. Entre as montanhas nevadas da província de Gifu, está escondido um dos maiores tesouros do arquipélago nipônico: a encantadora vila histórica de 白川 (Shirakawa). A paisagem bucólica, as lagoas congeladas e as graciosas casas de madeira e palha, aliadas ao charme invernal e à atmosfera nostálgica da aldeia, transformam Shirakawa-go em um portal para o Japão do século passado. Shirakawa é um mundo de sonhos parado no tempo, um cenário retirado diretamente dos mais belos contos de fadas. É um destino obrigatório para os aventureiros que buscam conhecer a essência mais profunda e genuína da cultura japonesa. (人´∀`*)



Nós visitamos o local há mais de dois anos, no início de janeiro - por isso, não estranhe minha cara de menininha. Saímos de Iwata (sim, ainda morávamos lá!) bem cedinho e partimos rumo à vila. Na época, estávamos cumprindo o nosso 有給 (yuukyuu = férias remuneradas), então pudemos ir durante a semana, tudo para evitar o "povão". Infelizmente, nosso bebê Beetle não nos acompanhou nessa aventura: nós alugamos um carro com pneus de neve na Toyota perto de casa e botamos o pé na estrada! Por ser um local bastante remoto e de difícil acesso, a viagem até a vila histórica torna-se mais confortável se for feita de carro. São poucos os ônibus que chegam e partem por dia, e com horário cronometrado não dá para aproveitar o passeio em toda a sua plenitude. Por isso, um GPS que funcione bem sob uma inesperada tempestade de neve e um jogo de pneus studless em bom estado são itens indispensáveis. Caso contrário, não dá nem para chegar nem perto dessa vila perdida no meio do nada das montanhas de Gifu. ʅ(´◔ω◔)ʃ

Aliás, antes que seja tarde demais: o nome da vila é 白川 (Shira "branco" + Kawa "rio" = Shirakawa). 白川郷 (Shirakawa-go) significa "vila de Shirakawa". Não diga "a vila de Shirakawa-go", pois é como dizer "a vila vila Shirakawa". O mesmo vale para nomes de montanhas, províncias, templos etc etc etc. Dizer "o Monte Fuji San" é o mesmo que dizer "o Monte Monte Fuji", "a província de Gifu-ken" é o mesmo que dizer "a província província de Gifu" e "o templo Senso-ji" é o mesmo que dizer "o templo templo Senso". Deu para captar? Chega de sanduíche-iche. ♪(゚▽^*)ノ⌒☆


Nada mais bucólico do que o 田舎 (inaka = "interiorzão") coberto de neve! (๑´ლ`๑)♥


Alerta de neve no painel da estrada! E não podia deixar de ser kawaii até nisso, não é? Ah, Japão! (≧∇≦)


Estrada vazia e neve recente cobrindo as árvores! Um sonho de inverno! 。゚・。゚┐(´∀`*)。o○雪キター!!゚・※*。゚


Em uma das paradas, vimos esse iglu gigante e não resisti resistimos! (^_^;)


A alegria da criança! (○>艸<)☆(>艸<●)


Altitude das montanhas! Nada que se compare ao Monte Fuji, mas ainda assim são bem altas! /^o^\



Chegando em Shirakawa pela contra-mão! ↓   ↓   ↓






Assim que chegamos em Shirakawa, o céu "fechou", as nuvens ficaram cinzas e começou a nevar muito! Céu azul é legal e tal, mas eu queria NEVE, muuuuita NEVE!!! Durante todo o passeio fez um frio do capeta absurdo, mas valeu cada calafrio. Portanto, a dica que dou aos friorentos é: equipe seu corpo com muitas blusas, meias, calças, botas de neve de cano longo e tudo mais que houver no guarda-roupa. Apesar da neve de Gifu ser do tipo "seca" e demorar para derreter (ao contrário da que cai aqui em Kanto), é bom levar também um guarda-chuva para o caso de neve intensa. Acredite, se o Japão já é frio pra kct no inverno, em Shirakawa é o dobro, quiçá o triplo! Deparar-se com um cenário do século passado, um mundo níveo, tingido com o mais puro tom de branco, supera qualquer desconforto causado pelas baixíssimas temperaturas. ♪───O(≧∇≦)O────♪



Com paredes de madeira, telhados de palha e erguidas sem o uso de pregos, as casas 合掌造り (gasshou zukuri = literalmente, "mãos erguidas em oração") são verdadeiras obras-primas a céu aberto. Do século XVIII até a década de 1970, essas moradias eram ocupadas por famílias produtoras de seda. O bicho-da-seda era criado nos andares superiores das residências, as quais acomodavam até 30 pessoas. Pais, filhos, avós, cachorro, papagaio viviam todos juntos, com relativo conforto, nessas "mansões" de três a quatro andares. Hoje, grande parte delas se transformou em rouba-turista restaurantes, lojinhas de souveniers, hotéis e museus, mas ainda há quem more nessas casas - cerca de 2 mil pessoas -, levando a vida humildemente e bem longe do agito das grandes metrópoles.  ♥ (*´艸`) ♥


Vídeos de Shirakawa! ↓   ↓   ↓









O clima rigoroso da região - a vila situa-se em uma das cidades onde mais neva em todo o mundo! - exige telhados reforçados e íngremes (com 60° de inclinação) de até 1 metro de espessura para suportar a neve, que é espessa de dezembro a março. A troca total desses telhados é feita a cada 30 ou 40 anos, mas são efetuadas pequenas reformas a cada dois anos, atividade que envolve dezenas de moradores locais trabalhando em equipe. Se já dá o maior trabalhão dar um "tapa" bienal nas casas, imagine trocar essa palha toda de uma só vez... talvez só os filhos ou netos dos atuais nativos participem da próxima troca! (◎_◎;)


As lagoas semi-congeladas e os moinhos de água dão um charme extra à vila! (*❤◯❤*)


O amor não está no ar, está na neve! (◡‿◡*)❤


Detalhe do telhado. Para aguentar toda essa neve, o telhado precisa ser bem grosso e resistente! (*゚ω゚*)


Por dentro de uma das "casinhas": bem maior do que as casas aqui de Tokyo! (☼Д☼)


Depois tem gente que não gosta de neve. Como assim?! Tudo fica mais bonito com neve! 。゚゚。゚。さぶぅ(((*゚艸゚)))=3 ε3。゚。゚゚。゚。



Ogimachi é a maior vila da região, com 59 casas e um museu ao ar livre, e está registrada como Patrimônio Mundial da Unesco desde 1995. Devido ao uso de materiais extremamente inflamáveis na confecção das casas, é proibido fumar e soltar fogos de artifícios na vila. Já imaginou o prejuízo?! (இдஇ; )


Ok. O museu é bacana, dá para tirar fotos maravilhosas, as casinhas são lindas, o cenário é "breathtaking" e é surreal entrar nas residências e imaginar como as pessoas viviam naquela época. Mas, na boa, para uma experiência mais autêntica, fuja do roteiro turístico e passeie pelas ruas de Shirakawa! Sim! Como eu falei anteriormente, há pessoas morando nas tradicionais casinhas de palha até hoje! Algumas famílias transformam as residências em pousadas e permitem que turistas pernoitem nelas - o que nos arrependemos de não ter feito. É a melhor maneira de conhecer a cultura e os costumes de um povo simples que vive bem longe do Japão ultramoderno exaustivamente difundido pela mídia. Repare nas construções, nos detalhes, imagine como o pessoal vivia, converse com os nativos, sinta o cheiro da cidade, entre nas casas que estiverem abertas - mas não esqueça de tirar os sapatos! (*ノω<*)


Em um dos restaurantes típicos da vila, experimentamos chá verde gelado e dango... salgado! ・゚(゚⊃ω⊂゚)゚・


Esses bonecos são os "mascotes" da região de Hida, onde se inclui Shirakawa. Tradicionalmente, os sarubobo, que significa "macaco bebê", são feitos pelas mães e dados às filhas para terem sorte no casamento e um parto tranquilo. Reza a lenda que esses bonecos também trazem saúde e proteção contra acidentes. (^ー^)ノ


Para sair do museu e conhecer o "autêntico" museu a céu aberto, basta atravessar essa ponte...


Passar por esse torii...


Passar por esse templo (em eterna reforma...)...


E andar pelas ruas da cidade "de verdade"! Abaixo, as fotos das casas "reais":


Deve ser tão legal morar aqui... ワーイ♪\(^ω^\)( /^ω^)/ワーイ♪


Andando pelas ruas de Shirakawa! ↓   ↓   ↓







Vale a pena também subir ao observatório e tirar uma foto panorâmica de toda a vila. Nós não pudemos subir pois, como dito anteriormente, nevava muito forte naquele dia e muita neve já havia acumulado na trilha, tornando o passeio impossível. Além disso, suspeito que esse observatório só fique aberto durante a alta temporada e/ou fins de semana. Snif, snif... fica para a próxima... (つД`;)

Durante um mês, geralmente entre janeiro e fevereiro, há ライトアップ (raito appu = do inglês "light up", ou iluminação noturna) na vila. Nós não pudemos ver pois a temporada ainda não havia começado, mas quem puder ir, vá de dia e à noite, sem pensar duas vezes! É uma chance única de ver a vila de uma forma completamente diferente, ainda mais rústica, charmosa e até romântica. A data varia a cada ano, então é sempre bom checar o site oficial para não se desapontar. (^□^*)



Não é exagero algum dizer que essa é uma cidade parada no tempo. Seja para manter o charme rústico da vila, seja pela localização remota, nos arredores dos vilarejos mais tradicionais não existem traços de civilização como conhecemos: não vimos supermercados, hospitais, nem as onipresentes lojas de conveniência. Apesar da cidade ter se transformado majoritariamente em destino turístico, a história de Shirakawa não nega suas raízes e sua importância cultural para o país. ★*♪


Cliques aleatórios! ↓   ↓   ↓




Tempo de viagem (carro):
Tokyo -> Shirakawa - 5 horas
Nagoya -> Shirakawa - 3 horas
Kanazawa -> Shirakawa - 1 hora